A obesidade é uma doença crônica cujo avanço tem se dado de forma acelerada em todo o mundo nos últimos anos. Dados da pesquisa Vigitel Brasil 2016 da Saúde Suplementar mostram que no Brasil não é diferente: mais de 50% da população adulta está com sobrepeso ou obesidade. Por outro lado, apenas 10% dos pacientes com obesidade são diagnosticados, entre os quais menos de 2% recebe tratamento.“A obesidade quase nunca é diagnosticada. Muitas vezes o paciente trata doenças causadas pela obesidade, mas não trata a obesidade.”, alerta Maria Edna de Melo, presidente do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).Com o objetivo de contornar esse cenário, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) lançou na semana passada o Manual de Diretrizes para o Enfrentamento da Obesidade na Saúde Suplementar Brasileira, com recomendações de melhorias e incentivos na atenção à saúde relacionada à prevenção e ao combate da obesidade entre beneficiários de planos de saúde.
“O excesso de peso e a obesidade constituem o segundo fator de risco mais importante para a carga global de doenças, e estão associados a várias doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares, diabetes, cirrose, câncer de cólon, de reto e de mama, entre outras. O objetivo do manual é compor uma orientação criteriosa, na qual as operadoras de planos de saúde possam se basear para a melhoria da qualidade de vida de seus beneficiários.”, explica Karla Coelho, diretora de Normas e Habilitação dos Produtos da ANS, em comunicado oficial.
A obesidade é uma doença multifatorial, resultado de uma complexa combinação de fatores biológicos, comportamentais, socioculturais, ambientais e econômicos. Entretanto, normalmente apenas suas consequências, como o diabetes ou problemas cardíacos são tratados, e não a obesidade em si.
“Este é um manual para as operadoras incluírem estratégias de prevenção e tratamento da obesidade em diversas especialidades, incluindo a ginecologia, por exemplo, para prevenirmos o problema da concepção.”, diz Maria Edna, que participou do grupo de discussões que elaborou o documento.
Cálculo de IMC por todas as especialidades
Para ampliar o diagnóstico, o manual recomenda, por exemplo, que o cálculo doíndice de massa corporal (IMC) seja realizado para todos os pacientes com menos de 60 anos que procuram qualquer serviço da rede prestadora de serviços. Dessa forma, o problema pode ser identificado e informado ao paciente, que deverá receber orientações para a redução de peso ou ser encaminhado para um médico especializado.
A criação de centros de referência que acompanhem os pacientes obesos desde o diagnóstico, passando pelo tratamento até um acompanhamento de manutenção, após a intervenção é um das recomendações que serão feitas às operadoras, segundo Maria Edna.
Infância
Outro ponto reforçados no manual é questão da obesidade infantil e da influência do ambiente desenvolvimento do problema. Nessa faixa etária, é importante que o pediatra esteja atento aos fatores de risco e monitore o crescimento e desenvolvimento destas crianças, orientando os pais quanto a alimentação saudável, controle do tempo de tela a que crianças e adolescentes estão submetidos e prática de atividade física.
“A obesidade é atualmente a doença pediátrica mais comum. A prevenção é a única maneira de deter o avanço desta epidemia e todos os setores da sociedade – escolas, governo, sociedades científicas, indústrias alimentícias e mídia – devem se envolver com este propósito”, ressalta Karla, no comunicado.
Fonte: Veja